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Os experimentos mais bizarros da ciência


Usar seres humanos como cobaias de laboratório não é exclusividade de campos de concentração do regime nazista. Em nome da ciência, muitas atrocidades já foram cometidas num passado não muito distante. Que vão de experimentos comportamentais, até experimentos para armas de guerra.

O Cachorro sem Corpo


Em 1928, o médico Sergei Brukhonenko criou uma máquina que, exercendo as funções de coração e pulmão, mantinha viva a cabeça de um cachorro. Viva mesmo: a cabeça respondia a estímulos e até se alimentava (ou quase isso, já que a comida não tinha pra onde ir depois de engolida). Teve até gente achando que era boa ideia ter a cabeça cortada e viver livre da preocupação com doenças, alimentação e vestimenta.


Para mostrar a eficácia de sua invenção ele decepava a cabeça de cães e as colocava ligadas ao aparelho. Em um desses experimentos, mostrado durante o Terceiro Congresso de Fisiologistas da URSS para uma audiência atônita e com cara de repulsa, ele manteve viva a cabeça de um cachorro por pouco mais de três horas. Durante esse período, fez o que restou do pobre animal ingerir um pedaço de queijo que ao passar pela boca logo caiu num tubo artificial que fazia o papel do esôfago, para desespero da plateia.

Elefante e LSD


O que acontece se você der LSD a um elefante? Numa sexta-feira, dia 3 de agosto de 1962, um grupo de pesquisadores de Oklahoma decidiu descobrir.
Warren Thomas, diretor do zoológico municipal, aplicou 297 miligramas de LSD em Tusko, o elefante. Dois outros cientistas, Louis Jolyon West e Chester M. Pierce, da faculdade de medicina da Universidade de Oklahoma, o acompanhavam.
A dose usada corresponde a 3 mil vezes a dose típica utilizada em seres humanos. É a maior dose de LSD jamais administrada a um ser vivo.


Posteriormente os cientistas explicaram que a experiência foi planejada para descobrir se o LSD induziria o elefante ao estado de musth (um frenesi temporário que alguns machos às vezes experimentam durante o qual se tornam extremamente agressivos e secretam uma substancia de odor desagradável pelas glândulas temporais). Alguns críticos, no entanto, alegam que não passou do desejo de satisfazer uma curiosidade doentia.

Seja lá qual foi a razão do experimento, ele não saiu como planejado. Tusko reagiu como se tivesse sido picado por uma abelha. Trombeteou por seu cercado por alguns minutos e então caiu de pernas para o ar. Horrorizados, os pesquisadores tentaram revivê-lo, mas cerca de uma hora depois o elefante estava morto. Os três cientistas concluíram constrangidos “Parece que elefantes são altamente sensíveis aos efeitos do LSD”.

Nos anos que se seguiram houve controvérsia acerca da causa da morte do animal. Alguns alegavam que não foi o LSD o causador do óbito, mas sim as drogas utilizadas para tentar reanimá-lo. Então, vinte anos depois, Ronald Siegel, da Universidade de Los Angeles, decidiu dar fim ao debate administrando a mesma dose de LSD a dois outros elefantes.
Ao invés de injetar o LSD, Siegel misturou a droga na água. Quando administrado dessa forma o LSD parece não ser fatal aos animais. Os elefantes não só sobreviveram como permaneceram calmos. Ficaram vagarosos, balançando para frente e para trás e emitiram ruídos estranhos parecidos com chios e trinados, mas em algumas horas já estavam de volta ao normal. 
Entretanto, Siegel observou que a dosagem que Tusko recebeu pode ter excedido o limiar de toxicidade, de forma a ser impossível precisar a causa da sua morte.

O medico que bebia vômito


Até onde você iria para comprovar uma teoria? No começo do século 19 Stubbins Ffirth, um estagiário de medicina na Filadélfia, foi mais longe que a maioria das pessoas.

Tendo observado que a febre amarela se alastrava durante o verão, mas desaparecia durante o inverno, Ffirth conclui que não se tratava de uma doença contagiosa. Segundo sua teoria a doença seria causada por um excesso de estimulantes como o calor, comida e barulho.

Para provar seu ponto de vista Ffirth se prontificou a mostrar que por mais que fosse exposto à febre amarela, ele não a contrairia. Inicialmente o estudante de medicina fazia pequenas incisões em seu braço e derramava sobre elas vômito colhido de pacientes com febre amarela. Ele não ficou doente.

Então ele pingou um pouco de vômito em seus olhos. Fritou um pouco da substancia em uma frigideira e inalou o vapor. Colocou um pouco em uma pílula e a ingeriu. Finalmente começou a tomar copos cheios de vômito puro. Mesmo assim não ficou doente.

Ffirth finalizou seu experimento untando-se com outros fluidos de pacientes de febre amarela: sangue, saliva, suor e urina.

Com a saúde intocada Ffirth considerou sua teoria provada. Infelizmente ele estava enganado. Hoje sabemos que a Febre Amarela é muito contagiosa, mas é preciso que a transmissão seja feita diretamente através da corrente sanguínea, geralmente pela picada de um mosquito, para causar a infecção. Ainda assim, considerando tudo que Ffirth fez pra se infectar, é um milagre que tenha permanecido vivo.


A prisão de Stanford


A experiência conduzida pelo psicólogo Philip Zimbardo, da Universidade de Stanford, em 1971, reuniu estudantes voluntários que topariam viver como se estivessem em uma prisão. Uma parte das pessoas seria responsável pela supervisão do local, seriam os guardas e policiais; outra parte seria formada pelos presidiários.

Com o passar do tempo, Zumbardo observou que muitos dos policiais desenvolveram comportamento sádico e que os presidiários ficavam cada vez mais agressivos à medida que perdiam completamente os momentos de convívio social. Muitos voluntários se retiraram do programa antes do final previsto devido a sérios problemas psicológicos. A pesquisa não chegou a ser concluída por causa das condições psicológicas extremamente abaladas às quais os voluntários se sujeitaram.


Existe até um filme chamado A experiencia, lançado em 2001, que conta sobre a prisão de Stanford e o tal experimento que não deu certo, o filme é muito bom, já assisti e recomendo.

O veneno perfeito


O Serviço Secreto Soviético tinha um laboratório clandestino dedicado a pesquisas de um veneno perfeito, que fosse mortal, não tivesse gosto nem cheiro e não pudesse ser descoberto em uma autópsia.

Para isso, eles faziam testes em prisioneiros inimigos, que eram orientados e “tomar seus remédios” e ficar em observação. Depois de muitos testes, uma “receita” foi aprovada: ela ficou conhecida como C-2 e testemunhas afirmam que as vítimas chegavam a diminuir de tamanho após ingerir a substância, enfraqueciam rapidamente, ficavam calmas e silenciosas e, depois de aproximadamente 15 minutos, morriam. Todas as poções foram testadas em pessoas com diferentes condições físicas e idades, para que se pudesse observar as reações diferentes em cada vítima.


O estudo monstro


Em 1939 um experimento de forte influência psicológica foi realizado em Davenport, no estado norte-americano de Iowa, com um grupo de 22 crianças órfãs. O responsável pelo estudo, professor Wendell Johnson, escolheu uma de suas alunas, Mary Tudor, para ajudá-lo e, juntos, eles separaram as crianças em dois grupos, sendo que o primeiro grupo recebia tratamento psicológico positivo, com elogios ao modo como elas as crianças se comunicavam.

O segundo grupo foi submetido a uma conduta negativa, fazendo com que as crianças ouvissem observações cruéis a respeito de si mesmas e da maneira pela qual se comunicavam, fazendo-as acreditar que eram gagas. Com o passar do tempo, eles perceberam que as crianças do grupo negativo chegaram a, de fato, desenvolver gagueira ou problemas de fala.

Essa pesquisa absurda foi mantida em segredo por muito tempo e, quando veio à tona, muitos dos colegas de Johnson não acreditaram que ele fosse capaz de ter esse tipo de postura. A Universidade de Iowa só se pronunciou sobre o assunto em 2001, quando fez um pedido público de desculpas.


Bombas de morcegos


Durante a Segunda Guerra Mundial, a marinha dos EUA trabalhou em um projeto para fazer morcegos bombardearem os japoneses. A ideia veio do dentista da Pensilvânia, Lytle Adams, após visitar cavernas cheias de morcegos em Carlsbad, no Novo México. Ele lançou a proposta para a Casa Branca em 1942.

Ele propôs que pequenas cintas com explosivos incendiários fossem amarradas aos animais. Então, os morcegos seriam treinados para encontrar abrigos em celeiros e sótãos japoneses.

O Corpo de Fuzileiros Navais chegou a capturar milhares de morcegos e a desenvolver dispositivos explosivos. No entanto, o projeto foi abandonado em 1943. Muitos acreditam que isso aconteceu porque o governo dos EUA progrediu na construção da bomba atômica.


O assustador cachorro de duas cabeças


Em 1954, Vladimir Demikhov chocou o mundo ao apresentar o resultado de seu experimento: um cachorro com duas cabeças, criado cirurgicamente. Mas a monstruosidade não para por aí. O cientista não implantou apenas a cabeça, mas toda a região dianteira de um filhote no pescoço de um pastor alemão já adulto. Os jornalistas quase não conseguiam acreditar no que estavam vendo, principalmente quando os duas cabeças começaram a beber leite simultaneamente.

A União Soviética bradava o feito de Demikhov como prova da superioridade de seus médicos e, durante 15 anos, o russo criou 20 cães de duas cabeças, sendo que nenhum viveu durante muito tempo. O recorde de vida foi de um mês, já que havia uma rejeição muito grande do tecido enxertado.

Mas Demikhov não realizava esses procedimentos por sadismo. O médico foi o pioneiro nos estudos de transplantes de órgãos vitais e desejava, um dia, realizar o transplante de coração e pulmão em seres humanos. Mas quem acabou transplantando o primeiro coração humano, em 1967, foi o sul-africano Christian Barnard, que chegou a visitar o laboratório do soviético duas vezes e considerava Demikhov como um professor.